sábado, 25 de outubro de 2008 Sampa


Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João. é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendida, dura poesia concreta de tuas esquinas, da deselegância discreta de tuas meninas. Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução, alguma coisa acontece no meu coração; que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João. quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto, chamei de mau gosto o que vide mau gosto, mau gosto. é que Narciso acha feio o que não é espelho, e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho, nada do que não era antes quando não somos mutantes. e foste um difícil começo, afasto o que não conheço; e quem vende outro sonho feliz de cidade, aprende de pressa a chamar-te de realidade; porque és o avesso do avesso do avesso do avesso. do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas. da força da grana que ergue e destrói coisas belas, da feia fumaça que sobe apagando as estrelas. eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços, tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva. panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do sambamais possível novo quilombo de Zumbie, os novos baianos passeiam na tua garoa, e novos baianos te podem curtir numa boa. [Caetano Veloso]


que maravilha de cidade. me desperta as melhores sensações imagináveis. tudo o que é melhor. prédios, carros, pessoas, fumaça. o cheiro de poluição invadindo os meus pulmões. me inspira cada vez mais. (logo tem romance aê). e então descobri o Caetano sentiu quando disse 'alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João'

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